prendi um
momento numa gaiola de píxeis:
agora ele
sorri pra quem passa
pra quem
deixa like
ele sorri
sem graça
com graça
como convir
ele sorri
ele tira o
chapéu, educado
cumprimenta,
dá bom dia
ele deixa ir
o apressado
e ao atento
ele troca
um afago ele
troca
uns olhares
de cortesia
mas é só
apagar as luzes
que vou
limpar sua gaiola,
e copioso
ele chora
quero ir
embora ele chora
e embora não
haja embora
ele diz não
demora
e chora
ele chora eu
quero ir
agora o
momento faz greve de fome
e é sempre
agora
no
transluzir da aurora
o momento
vai virando memória
e num museu
de fósseis
ele ganha
etiqueta
num museu de
fósseis
ele perde o
nome
o momento
virou cadáver.
e a tatuagem
no peito
do lema
fica pra
mais tarde:
existe um
abismo apenas
uma
distância infinita e serena
entre o
verdadeiro píxel,
a realidade
pequena
e a
derradeira carne
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