não há poemas escritos para os dias de céu
limpo. é preciso que se anuviem os olhos para que as rimas comecem a aparecer.
não há estrelas no céu escuro, ou há porque não as vemos? só destruímos o que
podemos construir.
tenho me forçado a perguntar os porquês. não
quero estar triste mas por quê?! por que, pergunto, se, bem clamo, não há
poemas escritos para os dias de céu limpo. quero amar, ser bom, ter sucesso,
ser bonito, ser feliz... por que, por que, por quê? se cada suspiro tem seu tom
e seu valor. não há nada que me tape os vazios senão legitimamente ser. sem
quereres ou poderes ou pudores. ser tempestade quando convir, céu nublado
quando precisar e sol se assim for, mas invariavelmente celebrar a pungência de
ser o que se é e sê-lo agora. é sempre agora, no fim das contas.
só destruímos o que podemos construir. nada
me destrói além de mim.