9 de ago. de 2012

Casmurrice.


ou soneto inacabado.

Olhou-me e eu mal notei, cosido ao avesso dos meus olhos, cinza – pecado que por si só já me renderia arrependimento suficiente pra uns catorze versos. Sorte a minha, Feeló cutucou-me e eu os vi: oblíquos e dissimulados. Não de ressaca, mas de festa (tornar-se-iam Capitu quando as luzes se apagassem, mas não digo com certeza) feito sorriso demais para caber nos lábios finos.
Não durou mais que um segundo, mas escondi-me detrás de um ponteiro incauto e o fiz maior. Tempo o suficiente, apenas, para tornar palpável a efemeridade que espetou em mim junto com os olhos. Pediria ajuda à noite se ela já estivesse ali. Havia duas ou três janelas, bem verdade, mas também não ousei pedir ajuda aos vaga-lumes. Compreenda: o soneto é tão inacabado quanto inacabável, e assim o é para que a eternidade trate de preencher as lacunas.
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!... Ganha-se a vida, perde-se a batalha.
Mas ainda que seus olhos nada me dissessem e de mais nada me servissem, eu os usaria de marca-páginas: da próxima vez, continuo de onde parei. 

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