ou soneto inacabado.
Olhou-me e eu
mal notei, cosido ao avesso dos meus olhos, cinza – pecado que por si só já me
renderia arrependimento suficiente pra uns catorze versos. Sorte a minha, Feeló
cutucou-me e eu os vi: oblíquos e dissimulados. Não de ressaca, mas de festa
(tornar-se-iam Capitu quando as luzes se apagassem, mas não digo com certeza)
feito sorriso demais para caber nos lábios finos.
Não durou mais
que um segundo, mas escondi-me detrás de um ponteiro incauto e o fiz maior. Tempo
o suficiente, apenas, para tornar palpável a efemeridade que espetou em mim
junto com os olhos. Pediria ajuda à noite se ela já estivesse ali. Havia duas
ou três janelas, bem verdade, mas também não ousei pedir ajuda aos vaga-lumes. Compreenda:
o soneto é tão inacabado quanto inacabável, e assim o é para que a eternidade
trate de preencher as lacunas.
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!...
Ganha-se a vida, perde-se a batalha.
Mas ainda que
seus olhos nada me dissessem e de mais nada me servissem, eu os usaria de
marca-páginas: da próxima vez, continuo de onde parei.