25 de jun. de 2017

ciranda

encontrei-o na esquina da vida
feito espelho perdido feito eu
encontrei-o alma e fé perdida
e olhos da esperança partida
qual dia que um dia anoiteceu

tomou-me a mão e corremos
para onde nunca vou saber dizer
mas foi tanto que nos perdemos
perdidos já éramos nem percebemos
tamanha foi a vida que nos ocorreu

então espetou-me os olhinhos pequenos
e enviesado num sorriso sereno
cantou-me a sua súplica por ar

e espelho que sou fui-me derretendo
e de ir entendendo mal percebemos
que já estávamos imersos no mar

agora que faço eu, criança sozinha?
aguardo inerte em água fria
esperando rebelde pelo dia
em que chegue teu afogar?

ou vou embora e imagino
o cruzar do teu braço pequenino
e o franzir do teu cenho franzino
enquanto se recusa a nadar?




Um comentário:

  1. Lipe, estava com saudade de ler algo seu. Que alegria a minha quando abri o blog e vi que continua postando.
    Suas palavras sempre de de uma delicadeza e profundidade sem tamanho. Essa poesia então, nossa, me encantou profundamente.

    Com carinho,
    Mica.

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