tenho
passado noites em claro.
tenho
manchado papéis com tinta de caneta
e estão
todos amassados. tenho pensado
tenho
passado
tempo demais
pensando
e é isso que
tá errado!
tenho
tentado achar ordem
no caos e
tenho fracassado
uma, duas,
trinta vezes tenho pensado.
tá pesado, é
um fardo
saber quando
na realidade não tenho que saber de nada
saber quando
estar errado
deixar a
água correr proutro lado
mesmo de
boca seca e sede
aprender a
olhar o que está, o que nunca esteve.
apreciar a
pungência da secura do agora
mesmo
enquanto implora
à chuva
que chegue
Só então
estou completo.
firme como um
prego
em um monte
de areia
movendo-se
por entre os grãos
e então
permanecendo
entidade inteira
agarrado
fraco ao chão
na
tempestade ou na chuva ligeira
mas movendo,
não estanca
e quiçá até
sangra
quaisquer
pisadas certeiras
e ainda que falte o martelo
que o faça
trabalhador singelo
segurando
arte em parede rude
há de
entender-se completo
deitado no
chão de concreto
pleno
em sua
implenitude.