26 de fev. de 2012

Sacrário.

Ela tropeçou na própria fé.

Tropeçou e caiu de joelhos e mãos atadas, como quem pranteia uma prece esganiçada. 

E quando ela se levantou já não era mais a mesma.

Deixou a inocência no chão ungido onde tombou em genuflexão, sob uma benção profana e uma cruz tatuada ao peito, tal qual promessa barata de salvação. De um céu qualquer. Desanuviado e anoitecido? Seu próprio céu.

Seu pedido atendido e o precoce anoitecer eterno d’alma, deixando pra trás os vestidos florais e os sorrisos pueris. Seu pai, seu filho, e seu espírito profano. A oração ao Deus que enxerga defronte ao espelho, que reflete nada além da podridão da luz dos olhos. A Luz. Oh, mas há tanto túnel para se percorrer ainda. 

A Luz é enegrecida, tal qual sua própria alma. Esqueceu-se de ser luz, escureceu-se pra ser treva. Como uma flor seca que renega seu perfume, e troca delicadeza por podridão.

Não há como negar; ela cria. E cria de verdade. Intensa, veemente, e insanamente.

Mas, oh céus, ela tropeçou na própria fé.

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