26 de fev. de 2012

Brighid

Desce a rua a poetisa
Com os olhos pintados,
Que sorriem e hipnotizam.
Sobre os ombros, o violino afinado
Que destoa, em compasso ritmado,
Suas quentes poesias.
E incendeiam, sem reduzir a cinzas
Tuas ideias, as mais desconexas,
Ganham luz própria, ganham vida,
Desconectam-se de promessas.

Desce a rua também
O tinido mavioso
Vem das forjas da ferreira,
Que afia o machado
Com, nos lábios, seu sorriso jocoso.
Destemida, posta-se em prontidão
Incendiando as ameaças
Poetisa de outrora,
Ataca com o fogo do coração.
E com suas quentes palavras.

De braços abertos,
A alquimista vem descendo a rua
Com o fogo em uma mão, e na outra a cura.
Transmutando tudo o que toca,
Com cálices de antídotos borbulhantes,
E abraços que acalentam.
Tem a solução nos lábios,
Sobre as chagas, põe-se a beijar
E o pôr-do-sol nos olhos
Que lhe adormece,
Com uma canção de ninar.

E o fogo, o que transforma,
Vai deslizando pelas mãos
Delicadas, robustas e acalentadoras.
Quentes, agora. Escorre pelo chão.
Das mentes incendiadas da poetisa,
Das forjas brutas da ferreira
E dos braços afáveis da alquimista
Desce a rua, Brighid,
Moldando as chamas à sua própria guisa.

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