24 de jan. de 2017

autobiografia

só existo depois de cuspido
mastigado por mentes amarelados
feito história deglutido ingerido

navegando no sistema digestório do mundo
deslizando pelas mazelas delgadas
desse intestino sem fundo

é só então que viro história
aubiografio o outro que não fui
me crio, me recreio, garganta e peito abertos
só existo pra contar história

nunca sou
sempre estou sendo
sou escritor incompreendido
vivo mil vidas
e escrevo obras-primas que ninguém gosta

grande coisa
no final

tudo vira bosta.